A imigração não é só miséria e as cidades precisam se preparar

Alguns mitos e preconceitos vem sendo historicamente criados pelas elites, com o fim blindar seus interesses de qualquer tipo de ameaça. Assim, na discussão em torno do desenvolvimento urbano, já é meio que um dogma estabelecido que os processo migratórios (em qualquer lugar do mundo), em especial aqueles que expulsam milhares de pessoas da zona rural com destino às cidades, sejam somente fontes de inchaço urbano e de miséria.
Alimenta esse discurso o fato de que o destino na da imensa maioria desses contingentes de pessoas acabem sendo as áreas menos valorizadas e mais pobres das cidades, inchando-as e formando as incômodas favelas.
Ocorre que uma afirmação assim não poderá ser feita, deixando de considerar alguns fenômenos que estão diretamente embricados na questão. Assim, deve-se tentar entender inicialmente em que condições viviam essas pessoas antes de mudarem para as cidades e porque o fizeram, e ainda, qual o peso que esse novo contigente humano passa a representar para os processos de desenvolvimento locais.
Essas e outras importantes constatações/indagações fazem parte do principal relatório produzido pelo Fundo de População das Nações Unidas (disponível no site http://www.unfpa.org.br/Arquivos/swp2007por.pdf) que, sem fazer uma defesa dos processos imigratórios em si, afirma, no entanto, que uma coisa é fato: as pessoas, ao decidirem se mudar de um lugar para outro, o fazem considerando as possibilidades que tem e que, na sua imensa maioria, a vida nas cidades, por mais miserável que seja, acaba sendo melhor do que aquela que tinham na zona rural em que viviam, dado a falências destas últimas nas mais variadas regiões do mundo.
A constatação ressalta ainda mais a importância de se planejar as cidades, de ter cuidado com os discursos feitos e de uma atenção ainda maior para o processo de urbanização; sendo urgente a preparação das cidades para absorver um contigente de migrantes que não cessará de crescer nas próximas décadas.

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