FSM 2009 - A América Latina e o outro mundo possível

Não tenho como deixar de escrever esse texto embuído de um sentimento de inveja e pesar. Inveja daqueles que estarão em Belém e participarão de um dos eventos mais importantes da esquerda mundial e pesar por não ter conseguido me desvencilhar de compromissos e obrigações que me amarram temporariamente aqui em Santana, além da grana curta que não é nenhum pequeno “detalhe”.
A realização de mais um Fórum Social Mundial atesta um dos marcos fundamentais daquilo que podemos chamar de pro-atividade da esquerda mundial, que migra de uma posição de mera contestação e denúncia, especialmente no enfrentamento do modelo econômico mundial hegemônico, para uma posição em que passa a propor e indicar caminhos concretos para a superação desse modelo que é responsável por inúmeras manifestações de má qualidade de vida da humanidade (pra dizer o mínimo).
Esse evento deve realmente ser saldado e cultuado por todos nós que fazemos a esquerda no Brasil e na América Latina, especialmente por dois grandes motivos: primeiro porque somos historicamente uma das partes do mundo que mais sofreu e sofre as agruras da exploração e das contradições promovidas pelo modelo capitalista e segundo, porque nos últimos 10 anos estamos protagonizando a eleição e a afirmação de governos/propostas voltadas para o desenvolvimento interno e focada nas reais necessidades dos latinoamericanos. Aliás, certamente, boa parte das inovações, avanços e caminhos que compõem a extensa pauta de discussões do fórum, estará focada em experiências vivenciadas na AL, o que também atesta o especial momento vivenciado por essas bandas de cá, que vem assumindo o protagonismo de modelos e alternativas para a esquerda mundial.
Na medida do possível estarei acompanhando os debates e discussões daqui de longe/perto, mas também convicto de que é necessário repercutir os temas e as conclusões desse importante evento. Afinal, atualmente o fórum é a principal referência de uma alternativa de poder e de forma de desenvolvimento social e econômico no mundo.
O FSM certamente adquire contemporaneamente uma importância histórica e estratégica semelhante as várias edições da “internacional socialista” do auge do socialismo real; contudo agora já envolto por um ambiente de auto-crítica e compreensão dos limites de alguns dogmas do passado.
Que esse fórum ajude então a reforçar o enfrentamento da máquina de produzir pobreza que é o capitalismo, através de mecanismos e caminhos realmente democráticos, humanos e mobilizadores.

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