A despeito de possíveis problemas (já que não colocamos em questão a sua enorme pertinência ), os efeitos da participação popular tem se mostrado muito maiores que meramente os possíveis avanços em termos de melhoria da imagem de determinados governos. Podemos apontar, por exemplo, o fato de a participação popular proporcionar a criação de espaços públicos altamente pedagógicos, proporcionando aprendizado tanto para a sociedade civil, que aprende as minúcias, potencialidades e limitações do poder público em resolver questões que afetam o cotidiano da sociedade; torna os procedimentos e mecanismos de funcionamento da administração pública mais transparentes, proporcionando que haja um desejável controle social, celeridade nos andamentos e diminuição da corrupção; contribui para diminuir o custo de obras e investimentos; torna as decisões mais legítimas e com um potencial de serem assumidas pelo conjunto da sociedade como sendo realmente suas, passando a serem defendidas pelos mesmos; as mudanças e transformações ficam mais viáveis, visto que não mais seriam encampadas apenas por órgãos governamentais, mas sim pelo conjunto da sociedade e presta uma enorme contribuição para o fortalecimento da democracia e da cidadania.
Nesse sentido, lidando com um sociedade cada vez mais complexa (na verdade supercomplexa, considerando o conceito da filósofa americana YOUNG (2001)), cenário em que as políticas publicas elaboradas e aplicadas de maneira tradicional encontram cada vez mais dificuldades em se mostrarem viáveis, a alternativa de fazê-las através de ampla participação popular, diante de todas as vantagens que apontamos acima, mostra-se vital e atualmente é considerada como um elemento necessariamente integrante das ações do poder público.
Por sua vez é preciso que os espaços criados sejam efetivos, ou sejam de fato deliberativos e não meramente consultivos e que a população possa discutir e deliberar com a garantia de que o processo será realmente autônomo, nas linha sugerida por outro filósofo – o greco/francês Castoriadis... Mas isso é assunto para um outro texto.
Mais que marketing politico, uma necessidade!
Postado por Odair Freitas às 14:38
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