A maioria e a governabilidade

Muitos encaram esse debate (principalmente dentro de alguns setores do PT), com uma grande resistência, como sinônimo do que poderíamos chamar de o “lado ruim” da política; talvez porque na construção dessa pretendida governabilidade e da maioria, já se deu origem a vários escândalos e práticas que, no mínimo, não obedece a boa forma de fazer política. Contudo, há que se considerar que em qualquer democracia do mundo a maioria e a governabilidade são questões intrísecas a qualquer governo, principalmente nas democracias mais avançadas e consolidadas. Ou não é isso que se garante com a eleição nos regimes parlamentaristas em que uma maioria se reúne e elege um primeiro ministro ou mesmo no sistema americano em que as eleições primárias já garantem por antecipação uma maioria para o futuro presidente.
Inclusive, os setores mais progressistas brasileiros e a grande maioria do PT defendem uma reforma política que caminha na direção de soluções já implementadas naquelas outras democracias, como forma de avançar e fugir das verdadeiras encruzilhadas que o atual regime brasileiro coloca qualquer governo eleito. Nos parece então que a raíz da questão está no sistema político/eleitoral brasileiro que, aliado a uma cultura secular de clientelismo, patrimonialismo e corrupção, redunda em uma realidade em que se elege um gestor e um programa, mas que, para viabilizá-lo precisará passar pelo “crivo POLÍTICO” dos vereadores, deputados e senadores, sob pena de ser frustrado. Pareceria natural (afinal de contas os parlamentares também foram eleitos, tendo passado assim por um aval da população); contudo, oficialmente, no Brasil, os mesmos são eleitos para fiscalizar e para legislar, não para tornarem-se parte do executivo, compondo o governo, o que acaba acontencedo em todas as esferas de governo, como resultado das composições que vem se mostrando inevitáveis, para se viabilizar uma pretendida maioria e a governabilidade.
Porém, seja na forma das democracia mais avançadas, seja na forma de países como o Brasil, a maioria e a governabilidade são objetivos comuns, como forma de implementar e materializar um programa previamente aprovado nas urnas.

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